“O objetivo do PROGRAMMING (PROmoting GeRiAtric Medicine IN countries where it is still eMerGing) COST Action é promover o desenvolvimento da Geriatria em países onde ainda não está bem implementada”, indica Sofia Duque, médica internista com competência em Geriatria. Estando há alguns anos dedicada a esta área da saúde, e integrando os quadros executivos d EuGMS, vê como “muito positivo” este programa que junta quase 40 países. Além daqueles que já têm implementada a Medicina Geriátrica há algumas décadas, há os que veem nesta iniciativa a possibilidade de avançarem finalmente com os cuidados geriátricos. É o caso da Turquia, da Grécia ou da Roménia, entre outros.
No caso específico de Portugal, nos últimos anos criou-se a competência em Geriatria pela Ordem dos Médicos, em 2014, e foram sendo desenvolvidos alguns projetos. Unidades de Ortogeriatria ou consultas multidisciplinares de Geriatria começaram a surgir, antes da pandemia, nalguns hospitais públicos portugueses. Mas, com a covid-19, muitos acabaram por ficar parados. Face a esta realidade, a especialista espera que se possa retomar o rumo perdido. “O SNS está em remodelação, é essencial criar respostas específicas para os idosos”, defende.
Como acrescenta: “Os médicos sentem cada vez mais a necessidade (e obrigação ética!) de dar uma resposta mais especializada aos idosos que, de facto, têm determinadas especificidades por causa da idade.”
Sofia Duque espera que com o PROGRAMMIMG se consiga chegar mais longe, inclusive em Portugal. Mas, para tal, alerta, é “fundamental que haja mais colaboradores neste projeto europeu que estabelece a ligação entre diferentes grupos profissionais e países.” Apela assim a que haja mais portugueses a registarem-se no PROGRAMMING para que se venha a ter em Portugal “uma Geriatria implementada de forma estandardizada e estruturada”.
Sofia Duque, com a internista Mariana Alves, na apresentação de um poster sobre o Programa
O PROGRAMMING conta com cinco grupos de trabalho, com objetivos bem definidos: mapeamento do estado da arte da formação em Geriatria nos diferentes países e identificação de necessidades formativas; elaboração de programas formativos para profissionais de saúde de diferentes áreas; atividade idêntica, mas para quem trabalha em cuidados agudos, subagudos e de longa duração; estabelecer metodologias formativas adequadas; e divulgar os resultados e promover a Medicina Geriátrica em geral.
Dos 39 países já se conta com mais de 250 participantes, mas, de Portugal, são apenas seis. “Podem colaborar nesta network médicos, enfermeiros, terapeutas, nutricionistas, académicos, decisores políticos, etc.; todos aqueles que entendem a necessidade de se ter cuidados geriátricos.”
Sofia Duque acrescenta: “Nunca é demais relembrar que “amanhã” seremos nós ou os nossos a necessitarem de cuidados geriátricos…. E de certeza que vamos querer os mesmos cuidados diferenciados e especializados que existem no resto da Europa.”
Texto: Maria João Garcia
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