A prevenção, o diagnóstico, os tratamentos e a reabilitação dos Doentes e doenças têm custos crescentes, porque a ciência e a tecnologia são cada vez mais numerosas, diversificadas, complexas e caras, porque o actual paradigma da prática médica privilegia os exames complementares (para diagnóstico inicial e subsequente “follow-up”), em detrimento do exercício clínico e porque a população é incentivada para consumir “saúde”.

A “medicina clínica”, quando exercida com conhecimento, competência e interesse pelo Doente, é fonte de menor sofrimento para Este (físico e psíquico) e, porque é mais racional e criteriosa, decorre com significativa redução do recurso a EADs supérfluos e … menos custos!

Por outro lado, a torrente promocional, tendenciosa, exploradora da ignorância e boa-fé de boa parte da população, com promessas de sucessos, sem fundamento científico reconhecido, muito bem marketisadas e com afirmações bombásticas e estatísticas arbitrárias, tem sido fonte por onde jorram, mais e mais, factores agravadores dos custos atribuídos a “saúde”, com prejuízo objectivo dos recursos necessários para resposta dirigida a Doentes e doenças. A definição e separação dos respectivos universos permitiria melhor atribuição de prioridades e um financiamento mais selectivo e socialmente mais justo.

Certamente alguém beneficia, e muito, com a estratégia mercantil e não focada no verdadeiro interesse do Cidadão Doente ou com risco objectivo e reconhecido de o ser. Mas não é o Cidadão.

Preservar a Saúde é muito importante, mas os elixires não devem ser consumidos com apoio nos parcos recursos financeiros do Estado. Só as Entidades legitimadas pelo Poder em exercício podem inverter este crescendo de consumo inútil e, quiçá nefasto para o Cidadão, mas é preciso que a apregoada literacia de saúde seja promovida com seriedade, honestidade e fundamentação científica clara, objectiva e … com “contas certas”.

*O autor escreve segundo o A.A.O