A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) lamenta não ter sido ouvida sobre a proposta para o novo modelo de Cuidados Paliativos (CP) nas unidades locais de saúde (ULS). Saúda o Grupo de Trabalho e a Comissão Nacional de Cuidados Paliativos (CNCP) pelo trabalho realizado, cuja importância reconhece, contudo, “apela a que sejam tidos em conta os contributos dos profissionais das equipas e serviços de CP que, ao longo destes anos, contribuíram ativamente para seu o desenvolvimento”.
Em comunicado, a APCP critica o facto de o modelo apresentado ser “muito específico, pouco detalhado em alguns pontos e pouco flexível”, sendo também “preocupante o facto de não estar descriminada a formação exigida às equipas, quer de adultos quer pediátricas”. Estas equipas têm de ser “necessariamente distintas”, sublinha-se em comunicado. Põe em causa também a não articulação entre as diferentes equipas.
“O documento proposto é omisso nas experiências prévias e não representa a realidade nacional, apenas a das regiões onde será implementado o projeto-piloto”, acrescenta.
A APCP queixa-se também que a proposta não refere a experiência das Unidades Locais de Saúde (ULS) já existentes, ignorando também que, em ULS e não ULS, as Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) e os serviços hospitalares trabalham eficazmente e em integração. “Assim, não concordamos com a generalização de que a organização atual é disfuncional, obsoleta e sem continuidade.”
A associação reconhece que implementar o acesso a CP ao longo das 24 horas, 7 dias por semana, a nível nacional, e melhorar a integração das equipas de CP nos diversos contextos, é “sem dúvida uma mais-valia para todos”, mas isso requer “uma adequada estruturação, que vá ao encontro das necessidades da população em cada região”.
No comunicado, informa que irá apresentar um documento com as “considerações mais relevantes”, integrando não só a perspetiva dos seus corpos gerentes, como as preocupações e comentários que lhe chegaram de muitos sócios, profissionais e peritos em CP.
Texto: Maria João Garcia
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