Qual o objetivo do livro “PSIQUIATRICAMENTE – Psiquiatria Essencial na Prática Clínica”?
O livro foi concebido com o objetivo principal de reforçar a disponibilidade de fontes bibliográficas para estudo dos temas mais relevantes da área da Psiquiatria e Saúde Mental. Os vários capítulos expõem os conteúdos fundamentais para a prática clínica de forma concisa e objetiva, o que torna este livro muito útil, particularmente para médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF), médicos em fase inicial de formação em Psiquiatria, psicólogos, enfermeiros e estudantes de medicina.
A experiência na formação de colegas de outras especialidades no Departamento de Saúde Mental do Hospital de Cascais favoreceu o reconhecimento da relevância de manuais clínicos para formação em Psiquiatria que explanassem de forma acessível e integrada os vários temas. O livro Psiquiatricamente surge com o grande objetivo de colmatar essas mesmas dificuldades. Pelo mesmo motivo foi amplamente distribuído de forma gratuita, com o indispensável mecenato, aos médicos a exercer nos Centros de Saúde de Norte a Sul do país.
O que o distingue de outros livros nesta área?
A literatura em Psiquiatria é vasta e dispersa, com compêndios que versam exclusivamente sobre temas específicos de forma exaustiva (psicopatologia, clínica, terapêutica, …). Manuais escritos em Português, que consagrem os temas mais relevantes na prática clínica são escassos, nem sempre atualizados e disponíveis para aquisição pelo médico que procure formação nesta área.
O livro Psiquiatricamente apresenta a grande vantagem de ser um manual atual, que integra as últimas linhas de orientação terapêutica internacionais e os critérios de diagnóstico recentemente emitidos na Classificação Internacional de Doenças (edição 11ª). Tem ainda a vantagem adicional de estar estruturado em capítulos de fácil acesso e expor esquematicamente os conteúdos mais relevantes para a prática clínica, o que o torna útil tanto para estudo como para consulta diária. É um instrumento simultaneamente completo o suficiente para dispensar a leitura de um compêndio na generalidade das situações e prático na abordagem de conceitos nas entidades clínicas mais frequentes.
Contaram com o envolvimento do ACeS Cascais. De que forma?
O Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) de Cascais contribuiu desde o início do planeamento para a concretização do livro. Contámos com o apoio do Dr. Nuno Basílio, coordenador do Conselho Clínico e de Saúde do ACeS de Cascais, que se disponibilizou desde o primeiro momento para apoiar o projeto. Muito para além de contribuir na elaboração de um capítulo do livro e no processo de revisão, o ACeS de Cascais tem sido fundamental no processo de apresentação formal do manual e na sua divulgação, o que levou a que cerca de 1000 exemplares rapidamente se esgotassem, promovendo-se a renovação da edição.
“Será uma mais-valia para um conjunto de médicos, em particular para colegas de MGF, cuja prática quotidiana abarca frequentemente situações de saúde mental”.
Psiquiatria e MGF são duas especialidades que têm que caminhar cada vez mais em conjunto?
Absolutamente. A doença mental apresenta elevada prevalência a nível global. Em Portugal, quando consideradas de forma integrada, as doenças mentais ligeiras a moderadas, com predomínio das perturbações do humor e de ansiedade, apresentam uma prevalência que atinge valores muito próximos dos 20%.
Neste contexto, as estratégias definidas para os países desenvolvidos responderem às necessidades assistenciais dos doentes envolvem aproximação e melhoria da articulação entre as especialidades de Psiquiatria e dos cuidados de saúde primários.
Também em Portugal, no âmbito do atual Plano Nacional de Saúde Mental, está em curso o desenvolvimento de um número vasto de Equipas Comunitárias de Saúde Mental, que frequentemente se integram, ou pelo menos articulam de forma estreita com Centros de Saúde (USF e UCSP). Pretende-se que esta reestruturação atual dos cuidados de saúde mental promova a interação entre Psiquiatras e médicos de MGF e uma franca evolução da capacidade de resposta e da qualidade dos cuidados de saúde prestados às pessoas com doença mental. Para além destas, pretende-se que o “caminhar cada vez mais em conjunto” destas duas especialidades médicas resulte em atividades de prevenção de doença e promoção de saúde mental, ao invés de uma abordagem ultrapassada, centrada exclusivamente na doença.
Queremos ainda salientar que, com o arsenal terapêutico atual (que de modo algum se restringe à abordagem psicofarmacológica), e no âmbito desta articulação estruturada entre prevenção, cuidados de saúde primários e hospital, se tem assistido a uma melhoria global nos cuidados à pessoa com doença mental. Estamos, contudo, cientes de que temos um longo caminho a percorrer e quisemos, com esta publicação que envolveu todos os profissionais do Departamento de Saúde Mental do Hospital de Cascais e os demais referidos, dar o nosso contributo.
CG
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