Um ensaio clínico que incluiu sobreviventes de cancro com elevado risco cardiovascular foi publicado na revista internacional JAMA Cardiology, evidenciando os benefícios do exercício físico nestas pessoas, escreve a Associação de Investigação e Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) em comunicado.
Sofia Viamonte, diretora do Centro de Reabilitação do Norte do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e investigadora principal deste ensaio, afirma que o exercício físico evidenciou ser seguro e vantajoso, mesmo nos sobreviventes de cancro com elevado risco cardiovascular.
A especialista é ainda a coordenadora do programa ONCOMOVE, que dinamiza a campanha “Mais vida e em equilíbrio com o cancro da mama”. “Temos cada vez mais estudos científicos que nos indicam que o exercício, adaptado a cada caso e devidamente acompanhado por especialistas, traz inúmeros benefícios, como a redução da fadiga, da ansiedade e de outros sintomas associados aos efeitos adversos dos tratamentos, o que se traduz num aumento da qualidade de vida”, sublinha.
Tal como indica o mote da campanha, no sentido de “quebrar mitos e barreiras” tanto para as mulheres que vivem com cancro como para a sociedade em geral, Sofia Viamonte aponta cinco razões para que as mulheres com cancro da mama e sobreviventes recorram à prática de exercício físico sob supervisão de especialistas:
Melhor qualidade de vida
“O exercício físico regular vai traduzir-se em melhor qualidade de vida para as mulheres que vivem com e para além do cancro da mama, contribuindo para reduzir os sintomas de fadiga, ansiedade e depressão. Este bem-estar permitirá à mulher sentir-se mais estimulada a participar ativamente nas atividades do quotidiano e na vida familiar e profissional”, afirma a coordenadora do programa ONCOMOVE.
Melhor composição corporal
“O exercício físico, aliado a uma alimentação saudável, pode ajudar a melhorar a composição corporal, com ganhos ao nível da massa muscular e perda de gordura. Pode ainda minimizar a perda de densidade óssea e os sintomas associados à menopausa induzida pelo tratamento. Um estilo de vida saudável vai ajudar a manter um peso mais saudável, impactando de forma positiva a saúde geral da mulher e a sua autoestima”.
Menos efeitos adversos durante o tratamento
“Está comprovado que o exercício físico pode ajudar a reduzir o número e a gravidade dos efeitos secundários dos tratamentos e sintomas como a dor, fadiga, distúrbios do sono ou comprometimento cognitivo. Favorece ainda a recuperação pós-cirúrgica”, acrescenta.
Aumento da sobrevivência
“Alguns estudos científicos indicam que o exercício físico regular após o diagnóstico de cancro da mama pode estar associado a uma maior taxa de sobrevida. Este aumento de esperança de vida parece também correlacionar-se com os níveis de aptidão física alcançados”.
Diminuição do risco de recorrência
“A prática regular de exercício físico pode estar associada a uma redução no risco de recidiva do cancro da mama”, conclui.
CG
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