As aulas estão prestes a recomeçar, e por esse motivo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) realça algumas evidências que, caso se apliquem, devem ser alvo de atenção por parte dos pais, nomeadamente por poderem constituir riscos na saúde ocular das crianças. Surge, assim, a urgência de uma deteção atempada em consultas de Oftalmologia Pediátrica, e consequente tratamento, caso necessário, uma vez que estas questões, para além da componente da saúde, podem mesmo interferir com o rendimento escolar.
Existem alguns erros refrativos capazes de deturpar a nitidez ocular, como a miopia, que se traduz numa maior dificuldade na visão ao longe, o astigmatismo, ou “visão distorcida”, e a hipermetropia, que afeta a capacidade de ver ao perto. A deteção das dificuldades deste cariz são ainda mais urgentes nas crianças, especialmente quando se apresentam de forma assimétrica (um olho com visão mais desfocada e outro com visão mais nítida), o que pode dar a ideia de que os mais novos não apresentam dificuldades visuais.
Tanto a ambliopia como o estrabismo são as doenças visuais que predominam entre os mais novos. De acordo com a SPO, o estrabismo, caracterizado por um “desalinhamento ocular”, pode surgir nas crianças desde a nascença. O diagnóstico e tratamento são assim fundamentais ainda em tenra idade, de modo a combater a possibilidade de uma das vistas ficar permanentemente afetada.
“É muito importante a correção do estrabismo desde cedo, não apenas pelas questões relacionadas com a saúde ocular, mas também pelas consequências que pode trazer na entrada para o período escolar. Pode levar a uma menor autoestima por parte da criança e a um aumento do risco de sofrer bullying, além do impacto no seu rendimento escolar”, salienta Ricardo Parreira, coordenador de Grupo Português de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica da SPO.
Assim, segundo a SPO, alguns pontos que devem ser alvo de atenção por parte de pais e professores no que diz respeito à saúde ocular das crianças são:
- Desinteresse na televisão;
- Lentidão ou rejeição das tarefas que exigem esforço visual;
- Fechar ou tapar um dos olhos;
- Lacrimejo;
- Dificuldade em suportar a luz (fotofobia);
- Olhos vermelhos e inchados;
- Dificuldade na leitura;
- Erros a copiar do quadro.
Para além disso, e devido à crescente tendência da predominância das tecnologias, o tempo de exposição frente aos ecrãs deve ser limitado, devendo ser definidas pausas, e incentivando as interações ao ar livre.
CG/MJG
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