Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra criou um conjunto de soluções tecnológicas para o envelhecimento ativo no âmbito de um projeto contemplado com um financiamento europeu de cinco milhões de euros (ME).
Em comunicado, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) informa que se trata de “soluções tecnológicas inovadoras”, desenvolvidas no contexto de um trabalho multidisciplinar, para “um envelhecimento da população mais ativo, seguro e saudável”.
Financiado pelo programa Compete 2020, o projeto teve a coordenação científica de Paulo Menezes, professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica (DEEC) e investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), ambos da FCTUC.
Ao abrigo do projeto “Activas – Ambientes Construídos para uma Vida Ativa, Segura e Saudável”, liderado pela empresa Kentra Technologies, a equipa “desenvolveu um conjunto de capacidades de interação inteligente para robôs móveis sociais e um conjunto de jogos sérios guiados por agentes artificias [avatares] que, visando essencialmente a promoção da prática de exercício físico, se destinam não só a idosos, mas também a crianças, em particular com perturbações do espetro do autismo”, segundo a faculdade.
Citado na nota, Paulo Menezes afirma que um dos trabalhos realizados “teve como objetivo perceber até que ponto (…) conseguimos estimular a atenção e o foco através do movimento”.
“Assim, criámos uma experiência sensorial, com sons e imagens, na qual se procurou atrair a atenção da pessoa para certas coisas que estavam a aparecer no ecrã e espontaneamente associar-lhe sons”, adianta, explicando que “este ‘setup’ interativo é composto por uma câmara com um sensor incorporado que permite explorar a captura do movimento, analisar a pessoa e a sua postura, para com isso reproduzir diversos sons que a pessoa escolhe através dos movimentos”.
Este sistema, “além de suportar uma exploração criativa, (…) permite ainda, caso seja desejado, a análise posterior das associações estabelecidas”.
“Outra das ferramentas concebidas, também para idosos, consistiu em integrar de uma forma ecológica num sistema interativo dois tipos de testes [Rickly & Jones e SARC-F] destinados a avaliar a presença de sarcopenia, isto é, a perda de massa muscular, um problema muito prevalente no envelhecimento, que pode ser prevenido com a prática de exercício físico”, refere a FCTUC.
Estes testes mostram “o nível de funcionalidade da pessoa e, consoante esse nível, deverá fazer os exercícios de um dos conjuntos que desenvolvemos”, esclarece Paulo Menezes, acrescentando que “é possível perceber, através de um mecanismo de avaliação, se os exercícios estão a ser bem executados ou corrigi-los caso não estejam, mediante as indicações fornecidas durante o jogo”.
Foram ainda “criadas novas funcionalidades” para um robô móvel desenvolvido em projetos anteriores.
“Esta ferramenta é muito interessante num contexto do envelhecimento. Atualmente, temos a questão de não haver lares para todos e ainda o facto de muitas pessoas preferirem ficar nas suas casas”, observa.
O investigador salienta que o robô emite alertas “sempre que surjam sinais de perigo em casa, como uma queda ou uma fuga de gás”, entre outros.
“Temos vindo a fazer a adaptação dos comportamentos do robô às emoções da pessoa em tempo real, dentro daquilo que é possível inferir a partir das suas expressões faciais ou do tom de voz, usando redes neuronais profundas. Por exemplo, se a pessoa estiver mais triste, eventualmente, o robô vai deslocar-se mais devagar, mas se estiver mais alegre o robô pode ser mais efusivo”, sublinha o docente.
Os investigadores do DEEC entendem que o projeto permitirá “desenvolver um conjunto de serviços e mesmo criar oportunidades de negócio para diversas entidades prestarem serviços de assistência”.
LUSA
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