O dermatologista António Massa, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), alerta para informações menos corretas que surgem na internet sobre o vitiligo. “Na Wikipedia pode ler-se que ainda não há cura para o vitiligo, mas isso não é de todo verdade quando recorremos à fototerapia”, afirma.

O especialista que se dedica há vários anos ao tratamento desta doença de pele diz que os doentes não têm de sofrer com a despigmentação da pele. “Desde a publicação por Wiete Westerhof, em 1997, utiliza-se fototerapia ultravioleta B banda estreita e os resultados na face e pescoço são, na maioria das vezes, resolutivos; apenas é mais difícil essa eficácia nas áreas de pele em que a parte óssea está próxima, caso das mãos, cotovelos e joelhos.”

Continuando: “A utilização de tópicos e, por vezes, medicação oral ajudam e muito no sucesso do tratamento.”

Há já hoje também medicamentos biológicos, aprovados para tratamento desta enfermidade, com alguns anos de ensaios clínicos, mas, como adverte, “com custos mensais elevados”.

O especialista refere também que “quanto mais cedo se iniciar o tratamento com fototerapia, maior a probabilidade de eficácia”. “Existem outras alternativas terapêuticas sendo, no entanto, a fototerapia a mais eficaz, segura e económica, aplicando após o tratamento depois a maquilhagem se se vir vantagem”.

Para António Massa, é “reconfortante e muito agradável” para ambas as partes, doente e médico, ver os resultados sobretudo na face e pescoço, sobretudo quando se inicia o tratamento precocemente. “O tratamento do vitiligo sofreu uma reviravolta com a utilização do aparelho de fototerapia, uma cabine aberta em cima e que utiliza umas lâmpadas diferentes, as chamadas UVB banda estreita”, explica.

“Estas são utilizadas durante segundos a minutos e têm dupla segurança, porque dão menor energia ou menor tempo; conseguem-se resultados até aqui nunca vistos nas áreas despigmentadas”, afirma.

As zonas onde a luz não entra, como debaixo dos braços, prega dos seios ou pescoço não repigmentam. Quanto ao número de tratamentos necessários, o especialista refere que todos os casos são diferentes. “Nunca, mesmo nunca, sabemos quantos serão os necessários; o mínimo que tivemos foram oito tratamentos.”

E os resultados estão à vista. “Há casos de doentes que há cerca de 20 anos que estão sem vitiligo.”

O dermatologista recorda que quando tratava um doente com psoríase com um creme, conhecido como ditranol, verificou que a área de vitiligo junta, no limite da lesão, repigmentou. “Há outros tópicos que podem ajudar.” Tratando um doente com rosácea, com laser pulsado de contraste, verificou também que o vitiligo na área junto da rosácea repigmentou e com mais dois tratamentos resolveu o vitiligo. Tratou ainda outros casos, explicando previamente ao doente os benefícios. “Há de facto esperança no tratamento do vitiligo desde há vários anos”, sublinha o médico.

“O vitiligo não causa qualquer tipo de incapacidade física, mas pode ter um forte impacto na autoestima das pessoas”, acrescenta.

A causa exata desta doença ainda não foi estabelecida, no entanto está frequentemente associada a outras doenças autoimunes como problemas na tiroide, diabetes ou artrite reumatoide. Pode também existir uma predisposição genética.

Texto: Maria João Garcia

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