Dia 6 de novembro. Esta foi a data da inauguração do restaurante e marisqueira Orla, localizada na zona de Santos, em Lisboa. Depois do Isco Petisco, no bairro da Bica, o chef Hélio Gonçalves atira-se agora ao mar para selecionar os melhores peixes e mariscos, que diariamente expõe na banca, em frente da cozinha aberta do restaurante, que também ser apreciada a partir de um recanto lateral. Existe uma segunda sala, mais discreta.
O espaço do restaurante, com pequeno balcão à entrada e um aquário, é agradável, com uma decoração moderna, leve e que deixa à vista os bonitos tetos de tijolo em abóbada. Destacam-se as paredes minimalistas, a mobília discreta e o tom azul marinho dos sofás e cadeiras. A decoração seguiu as indicações de Hélio Gonçalves, que é acompanhado pelo sócio Hugo Albuquerque. A ligação remonta a Singapura quando o chef liderou o restaurante Iggy's, premiado na época com uma Estrela Michelin. “Trouxe a cultura do peixe e dos mariscos de Singapura, onde aprendi a trabalhar estes dois elementos. O Orla nasce disso, da vontade de dar a conhecer aos clientes como o peixe e o marisco podem ser tão bem trabalhados”, refere Hélio Gonçalves, que também trabalhou os produtos do mar na passagem pelo Sublime Comporta.
Assim, se entende, que esta não uma marisqueira de ambiente popular. Exige-se e existe refinamento no espaço, no serviço e, claro, na cozinha, a começar na exigência diária na qualidade e frescura do produto e na respetiva sustentabilidade, que chega de vários portos de pesca do país. Ainda antes de conhecer a original oferta de cocktails do novo restaurante, faz-se uma viagem nostálgica no tempo com Hélio Gonçalves a recordar as noitadas e os shots no mesmo espaço que hoje abriga o Orla.
A identidade do Orla tem na carta de cocktails uma primeira abordagem conceptual, criando aproximações mais emocionais a locais de praia bem conhecidos: “Ingrina”, com xarope caseiro EarlGray, sumos de limão e toranja e gin, “Galapinhos”, preparado com Grenadine caseira, sumo de laranja, Aperol e bourbon, ou “Abano”, que tem a particularidade de ser servido em copo ou em jarro para partilhar. A receita inclui vodka, manjericão, xarope de maçã verde e espuma de yuzu. Existe outras tantas opções, com preço médio de €10. Acrescente-se que a carta de vinhos é assinada por Rodolfo Tristão, garantia de seleção apurada.
Fusão entre o moderno e a cozinha tradicional portuguesa
“O Orla abre portas em Lisboa com um conceito que promete manter o ADN de uma marisqueira portuguesa, com traços da cozinha moderna” ou explicado de outra forma: “Fusão entre o moderno e a cozinha tradicional portuguesa”. Para o comprovar, salta à vista a banca diária, onde se podem identificar (e escolher, que a cozinha está ali) os mariscos do dia, que podem variar das “Ostras ao Natural” (€18), que chegam em grupos de seis unidades, em também, na mesma quantidade, “Miolo de vieiras” (€36), grelhados ou à guilho. Toda a restantes oferta é servida e quantificada pelo peso, das “Amêijoas à Bulhão Pato” à “Santola cozida de Cascais”, ou dos percebes (Roca ou Berlengas) aos carabineiros, fritos ou grelhados. Lingueirão, camarão de Espinho, gambas do Algarve, sapateira, lavagante e lagosta podem estar disponíveis a cada dia.
O forno/grelhador Josper, a par dos molhos gulosos servidos em vários pratos, são aliados eficazes para as preparações. Existe ainda a possibilidade de escolha de peixe do dia, entre salmonetes, robalos, garoupas, pregados e lulas. Para acompanhar, a ementa do restaurante Orla aposta nos arrozes caldosos, como o de berbigão (€9,50), sempre de elogiar, aos populares de tomate ou coentros (€5,50). O camarão tigre também casa bem como o arroz branco de alho. Espargos, grelos, bimis e batata, frita e assada, são outras opções.
Cachorrinho de lavagante ou Croquete de carabineiro?
Na linha da referida fusão de técnicas de confeção e abordagens contemporâneas, chega-se à secção dos “Especiais”, que tanto podem levar para a informalidade da partilha, como para o egoísmo do comensal: “Cachorrinho de lavagante (€22), “Salada Caesar de camarão tigre”, “Tranche de peixe do dia com amêijoas e molho Bulhão Pato” (€24), “Arroz malandrinho de peixe do dia” (€20) e a reconfortante “Sopa rica de peixe do dia (€18). Em desenvolvimento constante trabalham-se também as massas frescas e apontamentos asiáticos, como no “Capellini de gamba da costa, com molho yuzu” (€22). Completa a oferta, o clássico “Esparguete alle vongole” (€18).
Para o final, as entradas, que merecem quase vida (leia-se, escolha própria) são também uma abordagem universalista ao mundo do peixe e marisco: “Carapaus alimados”, “Escabeche de fígados de bacalhau” e “Ceviche peruano”, de peixe do dia, todos a €9,50. Conte ainda com “Ovas de choco com molho de cerveja La Rosa (€12) e “Fritura do mar (€16), por norma com polvo, choco, petinga e camarão. Nesta primeira ementa do Orla, a estrela é o “Croquete de carabineiro” (€8), a revelarem a boa intensidade do crustáceo, potenciada pela maionese (das cabeças), cebolinho e pelo tártaro no topo, e um fritura imaculada. Ao estilo marisqueiro, o novo restaurante e marisqueira Orla (Rua das Janelas Verdes, 6, Lisboa. Tel. 214953186) está sempre pronto a servir um “Prego do lombo” (€16), entre terça-feira e sábado.
