Chama-se Mundus Imaginalis e é uma semiesférica invertida com 29 metros de diâmetro que até 31 de outubro vai estar patente na praça central do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. A instalação, concebida pelo coletivo Error 43, é como uma bola de espelhos que representa as várias dimensões onde temos vivido. «Pensámos numa peça que representasse as nossas vidas ligadas à distância, os momentos passados a imaginar um mundo exterior que de repente nos estava inacessível. Imaginamos cada casa como uma realidade individual junta numa bolha que se vai misturando entre as nossas ideias, os nossos sonhos e os nossos desejos», contam ao SAPO os autores da instalação, Frederico Pimpão, Miguel Romão Martinho, e Sílvia Cruells.

A obra consiste numa semiesfera leve que se encontra em constante deformação. Para controlar a fluidez do ar, foram instaladas ventoinhas que se ativam e desativam consoante um programa pré-definido, contando com as cores vívidas e padrões conceptuais nos ecrãs led instalados na cúpula e com a refração produzida pelo material para gerar diversos efeitos na praça central do Centro Colombo. «Queremos transmitir a mensagem de que apesar das dificuldades que enfrentamos e das que iremos enfrentar, enquanto humanos, as nossas vidas estão interligadas por um sistema em constante transformação que é o planeta onde habitamos. Não só pela dependência que a nossa vida tem dele, mas também pelo que desejamos para o seu futuro», conta o coletivo.

Os visitantes podem ver a sua imagem refletida e confundida quer com o meio ambiente, quer com a imagem dos restantes visitantes, criando um efeito ilusório, como um sonho em movimento, onde finalmente é possível celebrar a vida em comunidade.

A arte regressa ao Colombo com uma instalação que representa a vida em tempos e pandemia
A arte regressa ao Colombo com uma instalação que representa a vida em tempos e pandemia créditos: Mundus Imaginalis / Gui Morelli

Esta forma geométrica semiesférica invertida, com 29 metros de diâmetro, projetada a partir de 10 pétalas, assinala também a comemoração dos 10 anos da ‘Arte Chegou ao Colombo’. No âmbito  desta comemoração, é também lançada uma retrospetiva digital que reúne os conteúdos de todas as edições anteriores, que podem ser vistos ou revistos em  www.colombo.pt/artecolombo. Lançado em 2011, ‘A Arte chegou ao Colombo’ tem contribuído para a divulgação e promoção de atividades culturais, aproximando os visitantes do centro das diversas manifestações artísticas e promovendo a sua participação e interação com a arte de forma gratuita. Para Paulo Gomes, diretor do Centro Colombo, «o balanço é muito positivo. Hoje podemos dizer que ‘A Arte Chegou ao Colombo’ é já uma referência da democratização do acesso à arte a nível nacional. Nos últimos 10 anos passaram pela praça central do Centro Colombo obras de artistas de nomes nacionais e internacionais de renome, que habitualmente estariam reservados aos museus e galerias e que assim tiveram disponíveis de forma gratuita para o público em geral. Obras que foram vistas por mais de 1.2 milhões de pessoas».

No primeiro ano, a iniciativa contou com a parceria do Museu Coleção Berardo na exposição dos trabalhos de quatro artistas nacionais – Joana Vasconcelos, Miguel Palma, Susana Anágua e Isaque Pinheiro. Seguiram-se depois o MNAA – Museu Nacional de Arte Antiga (2012), a Exposição Andy Warhol – Icons (2013), a instalação interativa The Pool da artista norte-americana Jen Lewin (2014), a A Divina Comédia de Salvador Dalí (2015) e a exposição Terry O’Neill – Faces of the Stars. Em 2017, a iniciativa recebeu O Mundo Fantástico de Paula Rego, um verdadeiro sucesso com 224.500 visitantes em três meses. Em 2018 foi a vez das obras mais emblemáticas de Roy Lichtenstein e a Pop Art, e no ano passado, 35 obras da artista Vieira da Silva foram apresentadas de forma inédita numa experiência imersiva de digital & media art, que contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República.

Com os condicionalismos da nova realidade provocada pela COVID-19, a organização considerou que a realização de uma exposição no formato habitual não seria a opção mais segura. Assim, a juntar à instalação Mundus Imaginalis e ao site que congrega todas as exposições feitas, é lançado, no dia 1 de outubro, o ‘Prémio A Arte Chegou ao Colombo’, que pretende dar novo impulso à criação de arte contemporânea e um sinal positivo à sociedade numa fase de grande incerteza económica. «Os desafios provocados pela pandemia revelaram-se como uma oportunidade para repensarmos este projeto e o seu papel no mundo artístico em Portugal. E esta realidade levou-nos a iniciar um novo ciclo de ‘A Arte Chegou ao Colombo’, através da criação de um projeto de apoio ao setor artístico em Portugal, através da criação de um Prémio de Arte, dando assim um novo impulso à criação de arte contemporânea e um sinal positivo à sociedade numa fase de grande incerteza económica», conclui Paulo Gomes.