Vivemos num tempo curioso. De um lado, temos a tecnologia a abrir portas para novas descobertas e avanços. Do outro, temos pessoas a baterem com a cabeça nessas portas abertas, a caírem de cara no chão e a levantarem-se com a convicção de que descobriram o caminho para a iluminação espiritual. É aqui que entra a Mulher Maravilha. Todos nós temos os nossos super-heróis dos tempos modernos, e para mim não existem dúvidas que é a Joana Marques, a mais baixinha do trio fantástico; mas em vez de capa, ela usa um microfone e uma língua afiada para desmascarar charlatões e mostrar que nem tudo o que brilha é ouro – às vezes é só purpurina.

A sociedade atual parece estar obcecada com a aparência e a popularidade. Um post bem editado no Instagram pode transformar qualquer pessoa em guru de vida saudável, mesmo que a única coisa que essa pessoa alguma vez cultivou na vida foi o próprio reflexo.

Joana Marques, com a sua sagacidade e humor mordaz, é como uma espécie de filtro de Instagram da vida real, mas em vez de melhorar a imagem, ela revela a verdade nua e crua.

Os charlatões modernos são mestres da manipulação. Conseguem vender pensos milagrosos por centenas de euros e fazem-nos acreditar que podemos curar qualquer doença com um pensamento positivo e um chá detox. É uma espécie de magia negra do marketing. Joana, no entanto, corta a euforia com a precisão de um cirurgião, expondo a falta de substância e, muitas vezes, a falta de escrúpulos por detrás dessas promessas vazias.

Há ainda os influencers, aquelas criaturas digitais que parecem ter descoberto o segredo para a felicidade eterna – spoiler: envolve muitos produtos patrocinados. Estes indivíduos têm o poder de influenciar pessoas com um simples post, mas a falta de regulamentação permite que qualquer um se torne num suposto especialista da noite para o dia. Resultado? Pessoas vulneráveis são exploradas por autênticos mercenários da atenção.

Joana Marques surge como a heroína de que precisamos, mas que talvez não mereçamos. Com humor e coragem, ela enfrenta estes exércitos de seguidores leais e fanáticos, expondo a verdadeira natureza dos seus líderes. É um serviço público de extrema importância, e ainda conseguimos rir no processo. E vamos ser honestos, numa era onde o riso é um bem precioso, Joana é praticamente um tesouro nacional.

No fundo, Joana Marques não é só uma crítica mordaz – é uma educadora. Ensina-nos a olhar além das aparências, a questionar e a não aceitar tudo o que nos é vendido como verdade. Se mais pessoas seguissem o seu exemplo, talvez vivêssemos num mundo menos enganador e mais cristalino, onde a verdade não precisasse de filtros do Instagram.

Portanto, quando olhamos para quem merece ser exaltado, Joana Marques está no topo da lista. Num tempo em que a verdade é frequentemente distorcida e vendida em pacotes brilhantes, ela é uma defensora incansável da integridade e da clareza.

E, quem sabe, um dia teremos uma estátua da Joana no meio da cidade, rodeada de espelhos para refletir todos os ângulos. Porque, afinal, todos precisamos de alguém que nos lembre que o rei vai nu, especialmente quando ele tenta vender-nos roupa invisível. Afinal, é com uma dose de sarcasmo e um toque de acidez que a Joana transforma a verdade numa arma poderosa contra a ignorância.

Por tudo isto, nunca nos esqueçamos de agradecer à "extremamente desagradável" Joana, porque, sejamos francos, a ignorância desfila pela passerelle da vida com lingerie invisível, convencida de que está a arrasar, e só a Joana tem a coragem de aplaudir de pé... pelo espetáculo de comédia involuntária.

Jurista