"Vamos colocar na agenda os temas que interessam a Cabo Verde e ao continente africano, dando prioridade à ação climática, aos empregos para os jovens e as mulheres, à transição digital, à diversificação da economia, ao acesso à energia para todos e ao financiamento concessional para desenvolver as nossas economias", disse Olavo Correia.

Em entrevista à Lusa à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que terminam hoje em Washington, Olavo Correia destacou a importância não só da sua nomeação para ser o presidente das reuniões de direção destes grupos no próximo ano, mas também da escolha de Harold Tavares -- até agora diretor executivo suplente para o grupo de África II no Banco Mundial - para administrador executivo do Grupo Banco Mundial.

"Isto acontece uma vez em cada 50 anos; para podermos ser referenciados temos de marcar pela presença, senão ninguém fala de Cabo Verde", disse Olavo Correia, vincando que "estar presente nas direções do FMI e do Banco Mundial aumenta a projeção, a notoriedade e a reputação de Cabo Verde, e isso depois vai ser canalizado para mais financiamentos, melhores abordagens nas relações com os parceiros institucionais, e melhorar a projeção do país a nível internacional, que é um ativo intangível, mas de elevada importância para um pequeno estado insular".

Na declaração de 'passagem de testemunho', no final da reunião dos governadores deste ano, o ainda presidente do conselho de governadores, Ahmed Munawar, congratulou Cabo Verde, lançando a dúvida sobre como pronunciar o nome do país, se na pronúncia portuguesa, se na versão brasileira: "Algumas pessoas dizem Cabo Verde, outras 'Cabo Verdji', mas saberemos a correta pronunciação no futuro, certamente."

Na entrevista à Lusa, Olavo Correia destacou também a necessidade de mudar o paradigma do crescimento económico africano, deixando de lado a preocupação sobre se os países crescem acima ou abaixo das previsões do FMI.

"Cabo Verde vai crescer 5,5%, mas o grande desafio do continente é como duplicar, durante quatro décadas, o crescimento, para transformar África; se não conseguirmos isso, os problemas serão sempre os mesmos", afirmou.

Para o ministro das Finanças de Cabo Verde, entre as áreas prioritárias estão a ação climática, o aumento da participação do setor privado e a formação do capital humano, para garantir uma transformação estrutural do continente.

"Se não fizermos isto, atiramos 20 milhões de pessoas para o desemprego todos os anos, perpetuando e amplificando a pobreza extrema", afirmou, alertando que um continente que albergará um quarto da população mundial em 2050 é importante para todo o mundo.

"Se não criarmos oportunidades para os jovens em África, não teremos uma África de paz e estabilidade, teremos emigração forçada instável, insegurança e golpes de Estado, e isso não será apenas um problema africano, será um problema mundial", avisou.

*** Mário Baptista, enviado da agência Lusa ***

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