As autoridades no estado norte-americano do Arizona detiveram um homem de 60 anos, por suspeitas de este ter estado envolvido numa série de ataques aos escritórios do Partido Democrata local, ao longo de dois meses. Os ataques aconteceram em pontos diferentes, numa região onde a eleição presidencial promete ser muito renhida.

O suspeito foi acusado pela polícia no estado do Arizona de aterrorizar os trabalhadores e membros do Partido Democrata, tendo sido indiciado por crimes de posse e uso ilegal de armas de fogo, atos de vandalismo contra propriedades não-residenciais e terrorismo.

Segundo avançou a NBC News, o suspeito terá deixado sacos de pó branco com lâminas de barbear no interior, pendurados nos cartazes do partido na aldeia de Ahwatukee, que fica numa das cidades da área metropolitana de Phoenix, a capital do estado do Arizona. Um antigo membro do Partido Democrata do condado de Maricopa, Steve Slugocki, contou ao site do Arizona Republic que cartazes com a cara de Kamala Harris foram vandalizados com uma substância esbranquiçada.

O mesmo órgão de comunicação apontou que foram também deixadas mensagens nos cartazes, acusando os democratas de “mentir” e de “matar judeus”.

Ao longo de algumas semanas, foram também registados três episódios de disparos contra o escritório do partido de Kamala Harris na cidade de Tempe. As autoridades falam em ataques com recurso a armas pneumáticas e armas de fogo, nas madrugadas dos dias 16 de setembro, 23 de setembro e 6 de outubro, com os incidentes a deixarem estragos na fachada e nos vidros do espaço.

O suspeito foi detido na terça-feira à tarde, mas as autoridades locais não explicaram de que forma é que o homem está ligado aos diferentes incidentes.

As autoridades garantiram que não existe qualquer perigo para a população e, além dos danos materiais, não foram registados feridos.

Candidata apoiada por Trump fala em “intimidação” política

Os espaços do Partido Democrata, partilhados por membros da campanha de Kamala Harris e das várias campanhas democratas para os Congressos federal e estatal, não foram os únicos a serem alvo de ameaças. A sede de campanha de Kari Lake, a candidata republicana ao Senado pelo Arizona, foi evacuada pelos bombeiros de Phoenix na terça-feira, depois de ter chegado uma encomenda suspeita pelo correio.

Através das redes sociais, a candidata ultraconservadora apoiada por Donald Trump falou em “intimidação” política e num “ataque contra o movimento” do ex-Presidente, alegando que o envelope “continha potencialmente anthrax” - a polícia confirmou, mais tarde, que o envelope não continha qualquer substância nociva. Num comunicado na rede social X (antigo Twitter), Lake não apontou o dedo aos adversários, mas criticou a “esquerda radical e os media” por aquilo que considera ser uma deterioração do clima político nos EUA.

A candidata não apresentou quaisquer provas para fundamentar essa possível ligação entre a “esquerda” e a ameaça contra a sua campanha, e a polícia também não confirmou as alegações de Lake.

Já o seu rival na corrida ao Senado, Ruben Gallego, condenou as ameaças “contra Lake, o seu escritório e outros detentores de cargos públicos” e agradeceu a rápida intervenção policial.

Os incidentes no estado do Arizona surgiram a praticamente duas semanas das eleições presidenciais norte-americanas, que já ficaram marcadas por episódios de violência política, nomeadamente quando Donald Trump foi vítima de duas tentativas de assassinato.

O candidato republicano tem mantido um discurso que os democratas acusam de ser uma ameaça à democracia. O ex-Presidente continua a falar em “inimigos a partir de dentro”, a fazer ameaças de censura contra comediantes e estações televisivas, a ameaçar usar o exército em estados que não o obedeçam e já sugeriu que pode não aceitar uma derrota no dia 5 de novembro - o que abriria a porta a uma nova revolta dos seus apoiantes e a uma réplica da violência a que os EUA assistiram durante a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021.

O Arizona, onde ocorreram os incidentes, é também um dos sete estados mais importantes para as contas finais das eleições presidenciais norte-americanos, onde as sondagens têm apontado para uma margem muito curta entre ambos os candidatos. Segundo o agregador de sondagens do site FiveThirtyEight, Trump aumentou ligeiramente a sua vantagem sobre Harris no último mês no Arizona: tem uma média de 48,6% nos inquéritos realizados no estado, contra 46,7% de Harris (uma diferença que, ainda assim, continua dentro da margem de erro).