A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), em representação da EUROPA DONNA (Coligação Europeia Contra o Cancro da Mama) e através do Movimento “Vencer e Viver”, promove a iniciativa “Outubro Rosa” com a finalidade de consciencializar para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama, nomeadamente através do Rastreio, e divulgar informação e formas de apoio à mulher e família.

Não são conhecidas as causas exatas do cancro da mama. No entanto, foram identificados alguns fatores de risco que importa conhecer:

  • O maior fator de risco para o cancro da mama é a idade (80% de todos os tipos de cancro da mama ocorre em mulheres com mais de 50 anos);
  • Uma mulher que já tenha tido cancro numa das mamas tem maior risco de ter esta doença na outra;
  • As alterações em determinados genes, transmitidas pelos pais, estão na origem de cerca de 5% a 10% dos casos de cancro da mama;
  • O excesso de peso aumenta o risco de desenvolvimento de cancro da mama;
  • O consumo de tabaco ou o consumo excessivo de álcool estão associados ao desenvolvimento de vários cancros, incluindo o da mama;
  • A primeira menstruação em idade precoce (antes dos 12 anos) e uma menopausa tardia (após os 55 anos) são fatores de risco para o cancro da mama.

A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para o aumento da sobrevivência e manutenção da qualidade de vida da mulher.

‘’Se somos todos diferentes, porque é que o nosso cancro há-de ser igual?"

Este foi o lema da campanha que a LPCC e outras organizações, tais como a Sociedade Portuguesa de Oncologia, lançaram esta semana nas suas redes sociais. Nesta iniciativa é partilhada informação sobre os subtipos de cancro da mama, os diferentes estadios e os sinais e sintomas que devem merecer a nossa atenção.

“O cancro da mama é o cancro mais comum nas mulheres e apresenta uma incidência crescente. Consequentemente, é alvo de constante investigação e evolução dos métodos de diagnóstico e das estratégias terapêuticas. Este facto tem permitido diminuir a mortalidade por cancro da mama nos países ocidentais, mas tem tornado mais complexo o seu algoritmo de tratamento, sendo essencial a educação e a compreensão dos diferentes subtipos de cancro da mama para uma correta e informada tomada de decisão”, explica o Dr. Renato Cunha, oncologista, em representação da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Atualmente, conhecemos diferentes subtipos moleculares de cancro da mama. O cancro da mama pode ser classificado de acordo com a presença de recetores moleculares específicos (proteínas) na superfície das células tumorais, tais como, recetores hormonais (RH) e o recetor do fator de crescimento epidérmico tipo 2 (HER2). De acordo com a presença ou não destes recetores nas células tumorais, determinado por técnicas laboratoriais pela anatomia patológica, existem quatro subtipos diferentes de cancro da mama, com prognósticos diferentes e abordagens individualizadas:

  • Luminal A ‘’like’’: elevada expressão (presença) de recetores hormonais (estrogénio e progesterona); baixo índice proliferativo (de agressividade) (Ki67) e ausência de expressão de HER2;
  • Luminal B “like”/HER2 negativo: menor presença de recetores hormonais, elevado índice de agressividade Ki67;
  • HER2 “puro”: ausência de expressão de recetores hormonais e elevada presença de HER2 positivo;
  • Triplos negativos: ausência de expressão de ambos os recetores Hormonais e do HER2.

Sinal da evolução científica nesta área e da mudança do paradigma de que se deve tratar a pessoa e não a doença, novos diagnósticos começam a ser considerados, como a pessoa com cancro da mama HER2-low (cancro da mama com baixa presença do biomarcador HER2).

Depois, há ainda outros casos relacionados com alterações genéticas, que poderão ser herdadas (alterações germinativas) ou que podem ser adquiridas e apenas se manifestam no próprio tumor (alterações somáticas).

Apesar de ser cada vez maior o conhecimento nacional sobre cancro da mama, há ainda um longo caminho a fazer ao nível da literacia.

“A categorização em diferentes subtipos e o conhecimento cada vez maior do comportamento de cada um deles tem permitido não só compreender melhor a evolução natural e o prognóstico da doença de cada indivíduo, mas tem também alavancado o desenvolvimento de opções terapêuticas individualizadas, mais específicas para cada tumor e, por conseguinte, com melhores resultados e menos efeitos secundários”, reforça o especialista.

Em termos de sintomatologia, o facto de estarmos perante diferentes tipos de doença não altera os sinais e sintomas a que devemos estar atentos. Devemos considerar qualquer modificação da mama (incluindo pele e mamilo), deformidades da mama ou nodulações, escorrências mamilares ou feridas que não cicatrizam. Também a persistência de sinais inflamatórios da mama devem ser considerados.

“Independentemente do subtipo molecular, o estadiamento (ou extensão da doença) continua a ser determinante no sucesso do tratamento oncológico. Portanto, é crucial o conhecimento dos sintomas habituais e a participação nos programas de rastreio disponíveis, de forma a aumentar a probabilidade de obter diagnósticos em fases precoces da doença, nas quais os tratamentos disponíveis proporcionam taxas muito elevadas de cura.”, conclui o oncologista.

A 2.ª edição da Campanha “O meu é diferente do teu” relembra que todos conhecemos ou já ouvimos falar sobre o cancro da mama, mas que na maioria dos casos não sabemos que se trata de uma doença altamente heterogénea e que por isso é prioritário estarmos informados e esclarecidos.

Se lhe for diagnosticado cancro da mama, pergunte ao seu médico qual é o seu subtipo e procure saber mais acerca da abordagem mais adequada para si. Afinal, ‘’se somos todos diferentes, porque é que o nosso cancro há-de ser igual?’’