A Bulgária não é, por tradição, um país que dê muitos craques de craveira mundial à esfera do futebol de alto nível. Quando o nome deste país nos vem à cabeça, pensamos naturalmente em Balakov, por todo o trajeto que realizou ao serviço do Sporting, e em Stoichkov, por tudo aquilo que deu ao mundo do futebol, essencialmente ao serviço do Barcelona, onde conquistou a Bola de Ouro.

No entanto, quando ouço falar da Bulgária, só consigo pensar num nome apenas, o de Dimitar Berbatov, mítico avançado que fez carreira sobretudo em Inglaterra, ao serviço de Tottenham, Manchester United e Fulham, mas também com passagens por clubes como o Bayer Leverkusen e o Mónaco. Mas quem era, na verdade, Berbatov?

Muitos de vós não se recordam certamente deste nome quando se fala nos melhores avançados de todos os tempos, mas eu posso dizer sem medos que Berbatov foi um dos melhores pontas de lança que vi jogar, simplesmente porque tinha tudo.

Não sendo propriamente um velocista, era rápido a atacar o espaço, talvez pela sua inteligência muito acima da média e pela sua capacidade de ler o jogo, e depois era letal em frente à baliza, para além de ser um portento técnico, que o fazia destacar-se largamente dos seus colegas.

Ao todo, completou 735 jogos oficiais, onde apontou 322 golos, de todos os tipos, de cabeça, de pontapé de bicicleta, de letra, de chapéu, enfim… Assim era Berbatov, um “killer” de classe mundial, que eu diria que nunca foi devidamente valorizado pela qualidade que apresentava.

Lembro-me que, quando saiu do Manchester United para representar o Fulham, dizia-se que podia ser o destino final de uma carreira bonita, no entanto, o ponta de lança búlgaro ainda jogou ao mais alto nível no Principado, ao serviço do Mónaco, mostrando mais uma vez que era um dos grandes jogadores que alguma vez pisaram um relvado.

Pessoalmente, gosto muito de recuar atrás no tempo para falar da altura em que vi o melhor futebol com os melhores intérpretes, por isso é que tenho um gosto especial em escrever esta rubrica, porque me permite falar, elogiar e dar nova vida a alguns nomes que marcaram a minha vida e a vida de muitos de vocês.

Berbatov era poesia em andamento, era pura classe, era uma borboleta que mexia levemente no relvado, era um maestro que assumia a batuta da sua equipa, de frente para trás.

Dimitar deixa saudades, é um dos últimos grandes pontas de lança que misturava as tendências de jogo mais vintage com a modernidade que tem vindo a tomar conta do futebol. Sabia perfeitamente o que tinha de fazer, quando e como tinha de fazer as coisas, porque o futebol estava presente no seu ADN, e fazer golos era tudo o que sabia fazer melhor. Fintas deliciosas, uma precisão cirúrgica, de um avançado que, infelizmente, já não volta…

Quando tiverem oportunidade, procurem e vejam vídeos sobre Dimitar Berbatov, vão ver que não vos enganei, e vão aprender a amar aquele que foi um dos melhores avançados que já pisaram os relvados deste planeta, e que ficará para sempre eternizado como o melhor marcador que a Bulgária já viu.

Recordar é viver, e assistir a um jogo seu era vida na sua mais bonita e perfeita expressão. Para sempre, a lenda do avançado mais elegante que o futebol já viu, Berbatov.