Apesar de ser uma doença rara, é uma síndrome altamente complexa, debilitante e com risco de vida, envolvendo a falência do intestino, na qual os doentes são incapazes de absorver nutrientes e líquidos suficientes devido ao intestino ser demasiado curto. É a forma mais frequente de falência intestinal crónica, embora haja outras causas. Sem tratamento adequado, a síndrome do intestino curto/falência intestinal crónica (SIC-FI) leva à morte.

A SIC-FI surge habitualmente como resultado de uma doença que obriga a que grande parte do intestino seja removida cirurgicamente. Nos adultos, as causas mais frequentes são coágulos sanguíneos no intestino, cancro e a Doença de Crohn. Mas a SIC-FI pode também surgir desde o nascimento, como resultado de malformação congénita ou lesões intestinais nos recém-nascidos.

Para os doentes com SIC-FI, o comprometimento da função do intestino delgado resulta numa falência intestinal crónica e na dependência do tratamento no longo prazo, por vezes para toda a vida. Tratamento esse que é feito através do suporte parentérico (SP), ou seja, do fornecimento de nutrientes e fluidos diretamente para a corrente sanguínea através de uma veia, de forma a contornar a falta do processo normal de digestão e absorção dos alimentos.

A taxa de mortalidade em doentes adultos com SIC-FI é elevada em Portugal devido ao desconhecimento do tratamento desta doença e a uma falta de referenciação para médicos e equipas de centros de referência, com conhecimento e experiência no tratamento destes doentes.

Jorge Fonseca, diretor do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Garcia de Orta e responsável pelo centro de Nutrição Artificial, refere: “com as terapêuticas atuais, não faz sentido existir uma taxa de mortalidade tão alta nos doentes com SIC-FI. Para reverter esta situação, é importante apoiar as equipas multidisciplinares que estão a trabalhar com estes doentes e referenciar os doentes sempre para estas equipas, de forma a terem um tratamento adequado. As nossas equipas multidisciplinares estão prontas para receber estes doentes”.

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