Sofia Campina, coordenadora do Grupo de Interesse de Alergia Cutânea da SPAIC, explica que este mote surge, pois “sentir na pele o que é viver com urticária é uma tarefa impossível para quem não sofre desta doença”. “Assim, uma forma simbólica de a reconhecer, é vestirmos as suas ‘pintas'”.
De acordo o comunicado enviado pela SPAIC, “a urticária é caraterizada pelo aparecimento de manchas e/ou babas na pele, geralmente avermelhadas, acompanhadas de comichão ou alguma sensação de calor, ardor, queimadura ou desconforto, que tipicamente não deixam marca e têm uma duração de minutos a horas (habitualmente não mais de 24h)”. E acrescenta: “pode ser aguda, se durar até 6 semanas, ou crónica se persistir para além desse período”.
A urticária aguda “é a mais frequente e pode afetar 20-30% da população mundial, pelo menos uma vez na vida, e surge muitas vezes no contexto de infeções e de alergia a alimentos e a medicamentos”. Já a “urticária crónica atinge cerca de 1% da população, afetando mais mulheres mas, apesar de ser menos frequente, é a que se associa a pior qualidade de vida e tem um enorme impacto no dia a dia de quem dela sofre”, refere a SPAIC.
Quanto ao tratamento, a coordenadora do Grupo de Interesse de Alergia Cutânea da sociedade refere que este assenta, essencialmente, “em medicamentos anti-histamínicos”.
Nesse sentido, Sofia Campina refere que existem vários serviços de Imunoalergologia em Portugal, tanto públicos como privados, “capacitados para o seguimento de doentes com urticária crónica”. Existem ainda “centros UCARE (Urticaria Center of Reference and Excellence), que são unidades especializadas, reconhecidas pela sua excelência no diagnóstico e tratamento de urticária, fazendo parte da Rede Europeia Global de Alergia e Asma (GA2LEN)”.
Porém, realça que “apesar da terapêutica biológica já ter demonstrado mundialmente a sua eficácia e segurança, (…) e mesmo sabendo que para alguns doentes com urticária crónica esta é a única opção para devolver alguma qualidade de vida, o acesso a este tipo de tratamento continua a ser exclusivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
“De facto, apesar de existirem cuidados diferenciados de Imunoalergologia em vários polos privados, os regimes de comparticipação para o tratamento biológico desta e de outras doenças alergológicas, em sede de entidades privadas, são ineficazes e praticamente inexistentes, tornando quase inacessível esta via de tratamento”, declara.
Sofia Campina refere que “têm sido feitos esforços, por parte de cada serviço de Imunoalergologia do SNS, para ampliar e melhorar a capacidade de resposta à população (…), mas o problema de recursos do SNS é inegável nos dias de hoje e isso tem graves implicações no acesso aos cuidados em regime público”.
Deste modo, para a especialista o Dia Mundial da Urticária surge como uma forma de “passar a mensagem de que têm de ser tomadas medidas para o acesso célere e equitativo aos cuidados e tratamentos especializados de Imunoalergologia, em especial para os casos graves de urticária, porque todas as opções devem chegar a todos os doentes”, conclui.
CG
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