A iniciativa da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) tem por objetivo “sensibilizar a população, comunidade médica e decisores políticos para a importância do exercício físico no plano de tratamentos e seguimento do cancro da mama e cancro da mama avançado”, pode ler-se em comunicado divulgado.

A campanha terá início com uma aula de exercício físico no dia 27 de setembro, no Hospital de Gaia. Já em outubro, mês da sensibilização para o cancro da mama, a iniciativa vai passar pelo Hospital de Santo Tirso, pelo IPO de Coimbra, e pelo Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

De acordo com a AICSO, estudos efetuados em mulheres com cancro da mama evidenciam que, aliado aos tratamentos, o exercício físico é capaz de melhorar “a aptidão física, a composição corporal e a recuperação pós-cirúrgica, assim como a qualidade de vida e bem-estar, os sintomas de fadiga, ansiedade e depressão”.

Em Portugal são detetados cerca de 7 mil novos casos por ano, contudo, tem-se registado uma diminuição progressiva na mortalidade no que diz respeito a este tipo de cancro, que, segundo a AICSO, é fruto de “progressos no diagnóstico e tratamento, permitindo que as mulheres vivam mais anos sempre com foco no seu bem-estar”.

Ana Joaquim, membro da direção da AICSO e investigadora na European Organization of Research and Treatment in Cancer, explica que “os benefícios do exercício físico durante os tratamentos oncológicos estão amplamente demonstrados. A prática regular tem um papel ativo na prevenção terciária desta patologia. Mesmo após o diagnóstico de cancro da mama, o exercício vai contribuir para atenuar os efeitos adversos relacionados com a doença e/ou com os seus tratamentos”.

A especialista sublinha que é possível conciliar o cancro e os tratamentos, como a quimioterapia, com uma vida ativa, nomeadamente com a prática de exercício físico. “A evidência científica mostra-nos que o exercício é seguro e traz inegáveis benefícios. Mesmo nos casos de cancro avançado, deve ser encarado como uma ferramenta nos cuidados de suporte, pois pode melhorar o prognóstico e qualidade de vida”.

“Os tratamentos em Oncologia não devem ser tratamentos dirigidos apenas ao cancro. O exercício físico, devidamente supervisionado e adaptado a cada caso, é um cuidado de suporte que cientificamente já mostrou ser eficaz e seguro nas várias fases da vida da pessoa que vive com e para além do cancro. É preciso que esta mensagem chegue a todas as pessoas, tanto da sociedade civil como dos cuidados de saúde e até das entidades reguladoras”, refere Ana Joaquim.

A investigadora afirma ainda que “é preciso estimular estas mulheres, dar-lhes ferramentas para que possam ter uma vida para viver para além do cancro. (…) A sociedade pode, e deve, continuar a contar com aquela mulher, ainda que com algumas adaptações, como acontece com outras doenças e situações da vida”.

CG

Notícia relacionada

Cancro da mama. “O diagnóstico precoce é um desafio muito importante”