“Em Portugal, e em cada 15 minutos, morre uma pessoa por doença cardiovascular”, alerta Manuel Carrageta. No Mês do Coração, o cardiologista lembra que “as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte no país”. Face a esta realidade “muito preocupante”, o responsável alerta para a necessidade da adoção de hábitos de vida saudável e, em especial, para o controlo dos níveis de colesterol. “Existe evidência científica de que o excesso de colesterol tem uma relação direta com as DCV, em particular com o enfarte agudo do miocárdio (EAM) e a morte súbita.

E este é mesmo o grande foco da campanha da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), este ano, no Mês do Coração, durante o qual a Fundação realiza várias iniciativas para alertar a população para este flagelo. “De acordo com um estudo recente, mais de 90% dos doentes com risco elevado ou muito elevado de DCV têm o colesterol das LDL elevado.”

Continuando: “Cerca de 20% dos doentes de risco muito elevado nem sequer estão a fazer tratamento.”

De acordo com Manuel Carrageta, nos últimos anos tem aumentado o número de informação errada e não científica sobre o colesterol LDL e as terapêuticas para o seu controlo. Nas redes sociais é comum ouvir-se ou ler-se que “o colesterol é importante”, que as “Estatinas são uma farsa” ou que as “Estatinas fazem muito mal”.

Ideias que o cardiologista quer desconstruir neste mês dedicado ao coração. “O colesterol é importante, obviamente, mas dentro dos valores adequados; as Estatinas têm efeitos secundários como qualquer fármaco, mas os seus benefícios são enormes na redução de eventos cardiovasculares e a salvar vidas.”

“Nação Invisível” para se alertar para a urgência das DCV

Também no âmbito do Mês do Coração, à FPC juntam-se a AVC Portugal e a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca – AADIC na Coligação “Nação Invisível”. “Esta Coligação nasce da preocupação que os seus membros fundadores têm com o atual cenário das doenças cardiovasculares em Portugal e quer tornar visível o que não se vê nem se sente. O mau colesterol (LDL), só se vê que está elevado, quando fazemos análises para a sua medição, e o facto de os doentes estarem medicados para o colesterol não significa que este esteja garantidamente normalizado.

A Coligação quer criar assim criar “um sentido de urgência para alterar o atual cenário e desenvolver um programa de ações focado em desencadear uma mudança de comportamento na sociedade, na comunidade de doentes e nos decisores”, acrescenta o especialista.

Em suma, as três associações esperam que “a saúde cérebro-cardiovascular seja uma prioridade no cenário português das doenças cardiovasculares”.

Texto: Maria João Garcia