O Projeto 3F reuniu um conjunto de peritos para apresentar à tutela uma proposta para melhorar a forma de financiamento das unidades do SNS, designadamente das ULS (Unidades Locais de Saúde). Em simultâneo são apresentadas as conclusões de um projeto piloto que demonstram que os hospitais que tratam cancro do pulmão recebem um financiamento por doente tratado que está abaixo das necessidades reais.

O 3F – Financiamento, Fórmula para o Futuro é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio da Roche e desenvolvimento da IQVIA, que tem como objetivo refletir sobre o financiamento dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Em concreto, pretende analisar os modelos de financiamento atuais dos hospitais portugueses e promover a discussão de potenciais soluções de financiamento hospitalar que permitam criar mais valor para os doentes.

Estando em curso uma transformação da organização do SNS (designadamente através da criação das ULS), o 3F reuniu um conjunto de peritos, no sentido de apresentar à tutela uma proposta consensualizada para melhorar a forma como as unidades do SNS são financiadas.

O consenso, que será apresentado e discutido hoje, aponta para a manutenção de um financiamento por capitação, designadamente tendo em conta que esta forma de financiamento pode promover a integração de cuidados e incentivar uma atuação focada na melhoria do estado geral da saúde de determinada população. No entanto, é fundamental que a capitação seja definida tendo em conta as características da população abrangida por cada ULS e que reforce o incentivo à diferenciação/inovação por parte das unidades de Saúde.

O grupo de peritos propõe ainda que o processo de contratualização inclua um quadro de indicadores de qualidade e desempenho único para toda a ULS, que reflita todo o percurso de cuidados na ULS, valorizando indicadores de resultados que sejam importantes para os doentes.

Segundo Xavier Barreto, presidente da APAH, “o objetivo é que os indicadores pelos quais avaliamos os hospitais reflitam de forma mais clara o valor em saúde na perspetiva dos nossos doentes e que o montante associado a estes indicadores passe progressivamente de 10 para 20 % do total do contrato assinado com cada ULS”.

A este propósito é particularmente importante considerarmos a aprendizagem proporcionada pelo projecto Farol – Tratamento do Cancro do pulmão, implementado no IPO no âmbito da iniciativa 3F.

De acordo com o Projeto Farol, que será também apresentado no IPO do Porto, é necessário criar um modelo de financiamento alternativo para tratamento dos doentes com cancro do pulmão.

Para isso, é preciso revisitar o montante que é pago pela ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) aos hospitais que tratam cancro do pulmão.

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