O anúncio aparecia no Linkedin, que é hoje claramente uma das mais eficazes ferramentas de captação e recrutamento de recursos humanos. A empresa de aviação portuguesa (não é a TAP e o seu nome é sugestivo de altos voos) procura um “Corporate Journalist” para trabalho presencial e a tempo inteiro.

Desde logo é preciso ter em conta a dimensão de quem contrata, que tem na sua ficha na dita rede social a indicação de 501 a 1000 trabalhadores. Já passou, portanto, a fasquia de uma mera PME. Depois de explicar numa introdução que opera em todo o mundo no sistema de aluguer de aviões com tripulação e que prevê um grande crescimento da atividade para os próximos meses, a companhia considera essencial a contratação deste “jornalista corporativo”, peça essencial para o sucesso nesta nova fase.

Este desejado ser quer-se bem experiente e dinâmico, isso fica logo claro. Mas o que é um jornalista corporativo? Parece existir aqui alguma confusão, porque ou se é jornalista ou se é corporativo.

Define a lei de imprensa e o Código Deontológico dos Jornalistas que o exercício da profissão é independente de qualquer tipo de poder. Supostamente, um jornalista trabalha ou por conta própria (freelancer) ou para Órgãos de Comunicação Social de rádio, TV, imprensa ou online. Ou seja, a companhia quer algo que não existe. Mas alguns dos requisitos desta oferta de emprego podem ser esclarecedores. É preciso saber fazer apresentações, escrever comunicados de imprensa, alimentar blogs e posts. E também dar apoio ao departamento de comunicação da empresa (fica por esclarecer qual o destino final do jornalista corporativo).

Não será mais um relações públicas o que procuram? Na experiência exigida inclui-se um forte percurso no jornalismo, de preferência cumprido numa empresa...

Na sociedade continua a existir uma enorme confusão sobre os temas da comunicação. O jornalismo é talvez a disciplina mais visível e com quem o público tem um contacto mais próximo, sendo comum a ideia de que o jornalista pode fazer qualquer tipo de trabalho na área da comunicação. Não é bem assim, sendo certo que a experiência do jornalismo pode ser sempre uma mais valia para vingar noutros campos da comunicação.

Quanto à vaga em questão, já está entretanto obviamente encerrada. Vai ser uma escolha difícil, boa sorte!

Especialista em Comunicação Estratégica