Israel informou oficialmente a ONU da anulação do acordo de 1967 com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), aprovado pelo Parlamento do país. “Na sequência da aprovação da legislação sobre a UNRWA, o Estado de Israel notificou oficialmente o presidente da Assembleia Geral do fim da cooperação com a agência”, declarou o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, na rede social X. A legislação aprovada pelo Parlamento israelita no dia 28 de outubro entra em vigor dentro de três meses.

A UNRWA reiterou que a proibição da atividade do organismo em Israel pode levar ao colapso do sistema de ajuda na Faixa de Gaza. “Se esta lei for aplicada, corre-se o risco de colapso da operação humanitária internacional na Faixa de Gaza, da qual a UNRWA é a ‘espinha dorsal’”, alertou Jonathan Fowler, porta-voz da organização.

Portugal está disponível para reforçar o apoio à UNRWA, no âmbito da União Europeia, após Israel ter proibido a ação deste organismo, anunciou no Parlamento o ministro dos Negócios Estrangeiros. O Governo português “não tem dúvidas de que esta é a única agência humanitária que tem ainda alguma capacidade, dentro das limitações, que são terríveis, para distribuir ajuda”, disse Paulo Rangel numa audição parlamentar. “Estamos disponíveis, no quadro da União Europeia, de reforçar o apoio à UNWRA”, declarou.

O Ministério da Saúde de Gaza denunciou bombardeamentos israelitas contra o hospital Kamal Adwan, a única unidade hospitalar a funcionar no norte do enclave palestiniano, onde o exército de Israel lidera uma ofensiva contra o Hamas. O exército “continua a bombardear e destruir violentamente o hospital, tendo com alvo todas as partes” do estabelecimento localizado em Beit Lahia, afirmou o ministério, sublinhando que houve “muitos feridos entre o pessoal médico e os pacientes”.

Os ataques aéreos israelitas mataram pelo menos 12 palestinianos em Gaza nesta segunda-feira e os residentes receiam que novos ataques aéreos e terrestres tenham como objetivo esvaziar as zonas de civis no norte do enclave. Sete pessoas foram mortas num ataque a duas casas na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza, e outras cinco morreram em ataques nas partes central e sul do enclave, disseram as autoridades à Reuters.

Outras notícias do dia:

⇒ Um grupo de colonos israelitas atacou veículos palestinianos durante a madrugada nas cidades de Al-Bireh e Deir Dibwan, na província de Ramallah, no centro do território ocupado da Cisjordânia. “Os colonos israelitas incendiaram vários veículos de propriedade de palestinianos na madrugada, depois de atacarem a cidade de Al-Bireh e a cidade de Deir Dibwan”, segundo a agência de notícias palestiniana Wafa.

⇒ O Hamas apelou ao “aumento do confronto” com os colonos israelitas, após o novo ataque israelita contra os arredores de Ramallah, na Cisjordânia. Abdulrahman Shadid, membro do braço político do Hamas, declarou que os “ataques terroristas” dos colonos israelitas representam uma escalada perigosa que exige “um confronto crescente contra estes crimes” através de “todos os meios” para “impedir a invasão” da Palestina.

⇒ O chefe da diplomacia da União Europeia condenou os novos ataques de colonos israelitas em Al-Bireh e Deir Dibwan, falando num “sofrimento insuportável” nestes territórios e na Faixa de Gaza. “A situação em Gaza e nos Territórios Ocupados está a deteriorar-se a cada hora que passa, com sofrimentos insuportáveis para os civis. Ninguém parece ser capaz ou estar disposto a pôr cobro a esta situação”, escreveu Josep Borrell, numa publicação na rede social X.

⇒ O primeiro-ministro libanês acusou o Governo israelita de obstruir todas as propostas para alcançar um cessar-fogo com o Hezbollah, acusando-o simultaneamente de “se ter excedido” no último ano, com milhares de ataques ao Líbano. “O inimigo israelita opôs-se a todas as soluções propostas e continuou a cometer crimes de guerra em diferentes zonas do Líbano”, condenou Najib Mikati num comunicado, no qual “saudou todas as posições que apelam para um cessar-fogo”.

⇒ O movimento xiita libanês Hezbollah anunciou que disparou “uma grande quantidade de foguetes” de artilharia contra a cidade de Safed, no norte de Israel. O grupo pró-iraniano afirmou em comunicado que os combatentes atingiram “pela primeira vez, a base de Haifa, da Força Aérea israelita (...) com mísseis”.

⇒ Pelo menos dois combatentes libaneses do Hezbollah foram mortos num ataque israelita a um bairro a sul de Damasco, capital da Síria, onde o movimento pró-iraniano tem uma presença significativa. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o ataque teve como alvo “uma casa numa quinta na zona de Sayyeda Zeinab, utilizada por membros do Hezbollah libanês e da Guarda Revolucionária iraniana”.

⇒ O exército israelita afirmou ter localizado e destruído infraestruturas do Hezbollah no sul do Líbano, em zonas próximas da fronteira e com vegetação densa. Além das infraestruturas do grupo xiita, as tropas israelitas encontraram “instalações militares, armazéns de armas, um depósito de mísseis e complexos para infiltração em território israelita”, de acordo com um comunicado militar, sem especificar a zona.

⇒ O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano condenou a “presença desestabilizadora” dos Estados Unidos no Médio Oriente, após o anúncio de Washington sobre o envio de bombardeiros B-52 para defender Israel. “Nós sempre acreditámos que a presença norte-americana na região era uma presença desestabilizadora”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmail Baghai, durante uma conferência de imprensa.

⇒ O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelitas, tenente Herzi Halevi, anunciou a criação de uma nova brigada para soldados ultraortodoxos, que recentemente perderam o privilégio de escapar ao recrutamento militar por serem alunos de escolas talmúdicas. A chamada Brigada Hasmonea será posta em marcha em dezembro, depois de as Forças Armadas israelitas terem já concluído o recrutamento dos primeiros membros deste regimento, provenientes de um sector da sociedade israelita que se tem oposto veementemente ao serviço militar obrigatório.